
Seguro paramétrico: certo, rápido e econômico
November 25, 2020
Por Ankush Bhardwaj
diretor da AXA Climate na Ásia-Pacífico
Clientes dos setores público e privado em todo o mundo, incluindo muitos na região Ásia-Pacífico, reconhecem cada vez mais os benefícios do seguro paramétrico para mitigar vários riscos relacionados ao clima.
Esses benefícios incluem certeza, rapidez e economia. Certeza porque as coberturas são automaticamente acionadas quando os dados de fontes objetivas e externas estão fora dos limites pré-estabelecidos. Em outras palavras, o cliente sabe o quanto receberá quando determinadas condições forem atendidas. E, como não é necessário um longo processo de ajuste de perdas, ele espera ser pago em questão dias ou, no máximo, semanas. Isso também mantém os custos baixos, pois não são necessários gerentes de sinistros, advogados e outros especialistas técnicos para avaliar as perdas. Além disso, alegações potencialmente fraudulentas não são problema com essas apólices, pois o programa do seguro conta apenas com fontes de dados independentes.
Três elementos básicos
E como esses benefícios são alcançados? O seguro paramétrico, ou baseado em índice, possui três elementos essenciais.
Primeiro os riscos a serem cobertos. Assim como ocorre no seguro de indenização, as soluções paramétricas servem para mitigar circunstâncias externas fora do controle da organização e que tenham influência significativa sobre receitas ou custos. Isso inclui chuva ou vento em excesso/insuficiente; calor ou congelamento prolongado; ou eventos sísmicos extremos. A chuva, por exemplo, é uma bênção para os fazendeiros. A chuva torrencial, por outro lado, pode destruir uma colheita. Da mesma forma, uma concessionária de energia operando usinas hidrelétricas pode se beneficiar de chuvas fortes. Entretanto, longas secas podem levá-la à inadimplência dos contratos com um município.
A seguir apresentamos o nível mínimo ou valor de índice (os termos são frequentemente usados em alternância). Esse é o ponto em que tais circunstâncias externas começam a causar danos em termos de perda de receita, aumento nos custos ou ambos. O nível mínimo é informado por modelos que, baseados em dados históricos, mostram as consequências econômicas de diferentes tipos de eventos. Um modelo para vinhedos, por exemplo, incorpora dados de várias fontes, como as estações de monitoramento da região ou satélites meteorológicos, para ilustrar o impacto de um congelamento nas receitas e despesas. Por exemplo: se o termômetro marcar abaixo de uma certa temperatura por um período predefinido, o proprietário do vinhedo é compensado com um montante pré-acordado, que reflete as receitas reduzidas (como a colheita menor ou a produção de vinho de baixa qualidade) e/ou custos maiores (pelo uso de aquecedores caros).
Por último, o limite; é o pagamento máximo a ser feito. É importante observar aqui que, para ser aprovado no seguro, o limite deve ser menor ou igual às perdas reais do cliente.
Além disso, o nível mínimo pode ser binário ou escalonado. No primeiro caso, o limite é pago integralmente quando registrado um valor acima ou abaixo do limite predefinido. Também pode-se usar uma estrutura escalonada ou linear quando o pagamento for vinculado à gravidade ou magnitude do evento; um ciclone de Categoria 4 dentro de um raio predefinido, por exemplo, acionaria 80% do limite; já um de Categoria 5 incorreria 100%.
Finalmente, as políticas paramétricas são sempre feitas sob medida. Cada elemento, riscos, valor do índice e limites, é definido pelo cliente, considerando objetivos estratégicos, apetite pelo risco e orçamento. Além disso, a apólice pode abranger locais/instalações específicas ou, como é comum nos programas com apoio do governo, operações em regiões/distritos inteiros.
Mais interesse em toda a região
Os governos da Índia e da China foram alguns dos primeiros a usar cobertura paramétrica para proteger o setor agrícola. A Índia, por exemplo, utiliza dados paramétricos de estações meteorológicas da região para segurar 35 plantações em 17 estados.
Empresas de toda a região da Ásia-Pacífico também começam a reconhecer os benefícios das soluções paramétricas para mitigar certos riscos. Acredito que três fatores estão criando esse crescente interesse:
- Um mercado de seguros tradicional em evolução, com menos capacidade, taxas mais altas e coberturas mais limitantes. (Minha colega Zoe Xie, líder de clientes e distribuição na Ásia, escreveu sobre isso no fim de 2019. O artigo dela pode ser lido aqui.)
- Aumento da exposição a catástrofes naturais mais frequentes e severas, principalmente ciclones e níveis erráticos de chuva, como resultado do aquecimento global.
- Soluções paramétricas mais robustas. Hoje há mais e melhores dados, bem como mais conhecimento para modelar a correlação entre diferentes eventos e as receitas e/ou custos do cliente. Além disso, à medida que seguradoras/resseguradoras como a ɫƵfazem mais coberturas paramétricas, os clientes se beneficiam de mais estabilidade e menos volatilidade associadas a portfólios cada vez mais diversificados.
Veja a seguir alguns exemplos que mostram a relevância das soluções paramétricas em importantes setores nos países de toda a região.
Agricultura
O setor agrícola é vital aos países de toda a região, tanto para garantir a segurança alimentar regional e nacional quanto como fonte de renda. No Vietnã, por exemplo, a agricultura é responsável por 15,3% do PIB do país. Na Indonésia, é de 13,9%.
Porém, a agricultura é um setor complicado. Considerando os vários riscos que os agricultores enfrentam, sempre haverá a possibilidade de as colheitas ficarem aquém das expectativas, se não forem desastrosas. Isso sem falar nos riscos climáticos, como seca, precipitação excessiva, granizo, vento e geada.
Embora, como observado, governos de vários países endossem programas paramétricos para proteger os agricultores em todos os distritos, há também empresas privadas usando esses esquemas para diminuir a volatilidade à medida que eventos climáticos extremos ficam mais comuns. A ɫƵ por exemplo, desenvolveu recentemente programas paramétricos para alguns dos principais exportadores australianos de grãos que compram varias safras de diferentes partes do país. Com base no rendimento médio de cada safra em regiões específicas, criamos modelos que mostram como, por exemplo, diferentes níveis de chuva cumulativa afetarão as colheitas e levarão a perdas de receita.
Energia renovável
Muitos países da Ásia-Pacífico possuem planos ambiciosos para aumentar drasticamente a produção de energia a partir de fontes renováveis, tais como a energia solar, eólica e hidroelétrica. É bom notar que quatro das maiores usinas de energia solar do mundo estão na China, e duas ficam na Índia. E que o Vietnã pode produzir cerca de 10 a 12 gigawatts originados dos ventos marinhos até 2030. (Minha colega MeiYean Lim, subscritora sênior de Risco Político - Crédito e Obrigações, recentemente escreveu sobre como a Ásia está pronta para virar líder em energia eólica marinha. Leia o artigo dela aqui.)
Entretanto, às vezes o sol não brilha, os ventos não sopram, ou os rios secam; esse foi o caso nas Filipinas. Uma seca prolongada relacionada ao fenômeno El Niño resultou não só na redução acentuada da produção em usinas hidroelétricas grandes, pequenas e micro como em uma grave escassez de água; os danos às importantes colheitas de arroz e milho do país também foram graves.
Hospitalidade
Viagens e turismo são economicamente mais relevantes do que a agricultura em várias partes da região. Pegue a Tailândia, por exemplo. Lá, esse setor é responsável por 19,7% do PIB do país e 21,4% do total de empregos. Ao mesmo tempo, os hotéis, resorts e atrações turísticas do país estão expostos a ciclones cada vez mais graves.
E, quando um ciclone é anunciado, as reservas são canceladas quase que de imediato. Além disso, mesmo se o ciclone mudar de curso e a propriedade não for afetada, essas reservas não retornarão; os quartos permanecem vagos. (operadoras de resorts na Indonésia dão relatos semelhantes). Da mesma forma, os aeroportos precisam interromper as operações se um ciclone for anunciado nas proximidades; isso tem claras ramificações econômicas acima de qualquer dano físico que a tempestade possa causar. Observe também que qualquer perda devida à interrupção nos negócios não é coberta pela maioria das estruturas tradicionais de seguros.
Em todos os exemplos indicados acima, o seguro paramétrico pode oferecer proteção efetiva e econômica contra esses variados riscos. Além desses três setores, agricultura, energia renovável e hospitalidade, as coberturas paramétricas também são muito relevantes em muitos outros, como:
- Construção: Para projetos em que o excesso de calor, frio, vento causa atrasos e/ou aumenta custos.
- Transporte: Para empresas de navegação que enfrentam redução nas receitas quando o nível dos rios fica anormalmente alto ou baixo; ou para companhias aéreas com aumento nas despesas devido ao degelo.
- Automotivo: Para fabricantes, transportadoras e revendedores com veículos estacionados em locais propensos a tempestades de granizo.
Resumindo, o seguro paramétrico representa uma solução simples, porém, elegante para mitigar os diversos riscos relacionados ao clima. E, como os pagamentos são determinados e efetuados imediatamente, as coberturas paramétricas podem aumentar significativamente a capacidade de a empresa reagir e se recuperar rapidamente de um evento prejudicial, ou seja, ela fica mais resiliente, algo cada vez mais essencial nos tempos turbulentos de hoje.
Para contatar o autor desse artigo, por favor, preencha o formulário abaixo.
Mais Artigos
- Por Risco
- Por setor
- Por Produtos
- Por região
Recursos Relacionados
- Veja Tudo
Proteção de plantas fechadas/paradas
Os riscos emergentes que estamos monitorando e por que Q2
Ever since the days of Edward Lloyd’s coffee shop more than three-hundred years ago, the insurance and reinsurance industry has been intrinsically linked with the ocean. As the first approaches in May, Chip Cunliffe, Sustainable Development Director at XL Catlin, discusses the hazards that communities and economies around the world face from the changes taking place in and to the ocean, and how the insurance industry must lead a multi-sectoral approach to mitigate and build resilience to ocean risk.
The ocean is fundamental to supporting life on earth, and plays a critical role in supporting the world economy. Many societies depend upon it for food, goods and services and employment. Yet it is changing faster today than at any time in the past 65 million years. Alongside ocean acidification, pollution and overfishing, we’re seeing ocean warming leading to sea-level rise, Arctic sea ice loss, a potential increase in the intensity of storms, deoxygenation and the poleward movement of fish. All of these are creating significant uncertainty and risk to coastal communities - but the implications extend many hundreds of miles from coastlines too.
Ocean risk is, therefore, a profound challenge – and the scale and interconnectedness of these threats mean a multi-sectoral approach is needed to tackle them.
Why is the ocean so important?
The ocean covers 71% of the earth’s surface, provides food for more than four billion people, produces about half of the oxygen we breathe, and provides livelihoods for millions of people. It also plays a crucial role in regulating our climate and controlling weather patterns.
The ocean also supports many natural ecosystems such as carbon storage; food production, biochemicals and pharmaceuticals; coastal protection; water-quality enhancement; tourism and recreation; as well as indigenous cultural and spiritual identities.
The Organisation for Economic Cooperation and Development (OECD) in 2016 estimated that the “blue economy” creates about $1.5 trillion in value-added to the global economy. The World Wide Fund for Nature estimates the ocean’s “gross marine product” at about $2.5 trillion a year – which makes the ocean the seventh largest economy in the world. Direct full-time employment in ocean-based industries is about 31 million jobs, according to the OECD.
The changing ocean
This massively important role played by the ocean in the world’s economy is, however, currently in jeopardy because of deterioration to the marine environment. The multiple threats to the ocean include CO2 emissions, pollution, destructive fishing practices and overfishing.
About two-thirds of the ocean’s value is threatened by over-exploitation, misuse and climate change, the WWF said in a recent study.
The ocean is warming. Since 1955, more than 90% of the excess heat trapped by greenhouse gases has been stored in the oceans. The average global sea temperature has risen by about 0.13 degrees Celsius per decade since the beginning of the 20th Century.
The results include Arctic warming and a loss of sea ice; increased surface warming; sea-level rises – at a current rate of 3 millimetres a year; increased storm intensity; low levels of dissolved oxygen in seawater; and decreased salinity of water.
The ocean absorbs 26% of the atmospheric CO2 produced by burning fossil fuels. This means that the ocean is now 30% more acidic than before the industrial era. This has begun to affect ecosystems such as coral reefs and the animals at the bottom of the food chain.
These interconnected risks are having an impact on sea life, ocean ecosystems and the climate.
And there are profound consequences for human life too.
The impact on humans
The effect of ocean change will affect humans whether or not they live in coastal or maritime regions. There are potentially huge implications for food security, human health, weather and climate; national security and migration.
Fisheries and aquaculture together provide about 4.3 billion people with 15% of their average per capita intake of protein. But ocean warming is causing changes in the distribution of fish stocks and this will cause shifts in fisheries production depending on their location.
Human health is, according to some scientists, already being affected by ocean change because of the enhanced survival and spread of tropical diseases caused by increasing temperatures. Human health also will be impacted by increased disease in marine animals that make up part of our diet.
As the ocean warms, the atmosphere above it is also affected. The Intergovernmental Panel on Climate Change states that a changing climate leads to “changes in the frequency, intensity, spatial extent, duration, and timing of extreme weather and climate events”.
This – as insurers and reinsurers are all too aware – has big implications for society. According to AIR Worldwide, in the U.S., for example, the total insured value of properties located within the footprint of the modelled 100-year return period storm exceeds $1.1 trillion.
Rising sea levels and the threat of storm surges are affecting flood risk, and this has implications for industries, infrastructure and, ultimately, on human migration.
So what can we do about it?
The picture may seem a pretty gloomy one. But there are pre-emptive steps that can be taken to manage and perhaps even reduce ocean risk.
This requires a multi-sectoral approach, and the insurance and reinsurance industry – with its understanding of risk and modelling is ideally positioned.
The priorities for managing ocean risk include an updated assessment of the risks to human life and ecosystems, a new economic analysis of the risk of ocean change, and a coordinated, global approach to protect the oceans.
Innovative insurance solutions are already playing a role in helping communities face up to this risk. A pioneering pilot scheme in Mexico, for example, has seen a partnership between the Government, insurers and the local hotel industry to insure ecosystems that provide coastal protection.
To stay ahead of the curve, we need to initiate discussion on the topic and build awareness in the international community.
The Ocean Risk Summit will take place in Bermuda, May 8-10, bringing together leaders from the political, economic, environmental and risk management sectors. Experts will identify short- and long-term exposures to ocean hazards, and consider how new approaches, tools and technologies can be used to help build resilience at local, regional and global levels.
Ocean change is a very real risk. The insurance and reinsurance industries have a key role to play.
To be part of the solution, come and join us at the Ocean Risk Summit. Register at .
About the author: Chip Cunliffe is Director of Sustainable Development at XL Catlin. Chip is based in London and can be reached at Chip.Cunliffe@xlcatlin.com.
A ɫƵ como controladora, utiliza cookies para fornecer seus serviços, melhorar a experiência do usuário, medir o envolvimento do público e interagir com as contas de redes sociais do usuário, entre outros. Alguns desses cookies são opcionais e não definiremos cookies opcionais a menos que você os habilite clicando no botão "ACEITAR TODOS". Você pode desativar esses cookies a qualquer momento através da seção "Como gerenciar suas configurações de cookies" em nossa política de cookies.